Oligarquia frágil e em decomposição: o perigoso desfecho do capitalismo sob liderança dos EUA

Werner Rügemer

05/10/2025

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Devido ao seu declínio sistêmico, o capitalismo liderado pelos Estados Unidos está se armando ainda mais, processo acelerado pela ala mais jovem e agressiva do capital, representada politicamente pelo atual presidente norte-americano, Donald Trump. Como, então, pode-se aprofundar e expandir a cooperação do muito maior “resto” do mundo, em termos de direito internacional e direitos humanos, inclusive no nível não estatal?

  1. A “América quebrada” deve continuar sendo a única potência mundial

Os EUA podem ser “uma gerontocracia frágil, apodrecendo por dentro”, mas essa “América quebrada” faz parte do “estranho triunfo” desse mesmo Estado. Esse diagnóstico não é debatido na esfera pública dominante, mas sim utilizado para a autocompreensão interna da elite norte-americana, como se lê em Foreign Affairs.¹ Esta é a revista do Council on Foreign Relations, o principal think tank de política externa dos EUA, fundado após a Primeira Guerra Mundial pelos grandes capitalistas e que desde então acompanha a expansão global do que se reivindica como a “única potência mundial”.

De acordo com esse diagnóstico, 70% dos norte-americanos consideram os EUA como “não bons” e “pobres”, com apenas 20% mantendo confiança no governo; o patriotismo, que é tão valorizado, despencou para níveis minoritários. A violência multifacetada está em ascensão, incluindo duas tentativas de assassinato contra o atual presidente Donald Trump durante a campanha eleitoral. A riqueza econômica pode andar de mãos dadas com o declínio cívico, mas essa “América quebrada” é, ainda assim, a “única superpotência mundial”. E não apenas deve continuar a sê-lo, como deve ser ampliada e assegurada globalmente, com apenas algumas correções, segundo inúmeras proposições publicadas em Foreign Affairs.

  1. EUA: Domínio oligárquico


Até mesmo Laurence Fink, diretor da BlackRock, atualmente o maior e mais influente organizador de capitais dos EUA e o maior acionista do capitalismo liderado pelos Estados Unidos, admite: “O capitalismo funciona, mas atualmente funciona para poucas pessoas.” Fink refere-se principalmente aos EUA, mas também às democracias capitalistas amigas. Ele atribui isso às baixas aposentadorias e acusa os governos de não contribuírem o suficiente para os fundos de pensão.²

A redução sistemática da renda do trabalho
Fink minimiza esse fenômeno como um estado temporário e evita mencionar os responsáveis pelo declínio acelerado das aposentadorias dos trabalhadores assalariados nas últimas três décadas: são as grandes corporações e seus principais grupos acionistas — com a BlackRock à frente — que reduziram ainda mais a renda do trabalho e, consequentemente, as aposentadorias. No entanto, isso vem sendo apoiado pelos governos desde os anos 1980, a começar pelo presidente Ronald Reagan.

Como resultado, os EUA, supostamente o país mais economicamente bem-sucedido, têm o salário mínimo legal mais baixo entre os países capitalistas comparáveis. Ele é de US$ 7,25 por hora e permanece inalterado há 16 anos. Mesmo o governo Obama, retoricamente amigável aos sindicatos, não aumentou o salário mínimo. Ajustado pelo poder de compra, está abaixo do praticado nos países mais pobres da União Europeia, no Leste Europeu. Mesmo quando pago formalmente, ele é frequentemente burlado: paga-se o mínimo pelas horas contratuais, mas exige-se que horas adicionais sejam trabalhadas sem remuneração, como ocorre na entrega da quantidade estipulada de pacotes.

Além disso, o salário mínimo nos EUA pode ser reduzido para US$ 2,13 em ocupações em que as gorjetas são cada vez mais comuns, como entrega de pacotes e alimentos, serviços de catering, call centers, serviço de quarto em hotéis, cabeleireiros, guias de turismo e cuidadores de idosos — muitos deles ainda trabalhando em meio período, sob contratos temporários ou sazonais. Como consequência, não são apenas trabalhadores negros e latinos que vêm sendo empobrecidos, mas também a classe trabalhadora branca.

Trabalho escravo modernizado I: nos EUA
E o salário mínimo vale ainda menos para as dezenas de milhões de imigrantes ilegais que formam um pilar sistêmico da economia norte-americana: como trabalhadores, consumidores e contribuintes, já que o imposto de renda e tributos locais são automaticamente deduzidos, mesmo dos imigrantes ilegais. Para reforçar essa situação de ilegalidade normalizada, desde o governo Obama o número de inspetores do trabalho foi rapidamente reduzido.³

Alguns estados têm salários mínimos mais altos, como a Califórnia, que possui um dos mais elevados, de US$ 16,50. Mas isso não se aplica a milhões de trabalhadores ilegais apenas nesse estado: por exemplo, 75% dos até 800 mil trabalhadores das plantações estão em situação ilegal. Eles labutam sob calor ou frio sem proteção à saúde, por alguns dólares ao dia.⁴ Além desses trabalhadores rurais, milhões de imigrantes ilegais atuam em outros estados norte-americanos na construção civil e em residências particulares, como trabalhadores temporários, diaristas e autônomos sem contrato, exercendo funções de limpeza, prostituição, jardinagem e cuidado de idosos — assim como, por exemplo, os motoristas sem contrato da maior empresa de transporte e táxi, a Uber, e os trabalhadores de plataformas digitais.

Por isso, migrantes são autorizados a entrar nos EUA de forma permanente e em grande número, apesar dos riscos, sendo ao mesmo tempo forçados a aceitar trabalhos desumanos e em condições análogas à escravidão sob a ameaça de deportação. A ilegalidade se tornou um modelo de negócio. Imigrantes ilegais permanecem invisíveis, vivem com medo, muitas vezes sem moradia, não têm direito ao voto, não recebem assistência médica e frequentemente são empurrados para pequenos delitos.

Trabalho escravo modernizado II: global
Após a abolição da escravidão, os EUA modernizaram constantemente formas de trabalho escravo que violam os direitos humanos, globalizando-as em escala ainda maior sob um neocolonialismo modernizado — e continuam a fazê-lo hoje.

Isso se dá por meio de suas cadeias globais de suprimento, comandadas pelas indústrias automobilística, farmacêutica, alimentícia, do agronegócio e de supermercados, lideradas pelas corporações digitais como Apple, Google, Facebook, Amazon, Microsoft e Nvidia. Essas empresas fazem seus dispositivos caros serem produzidos principalmente na chamada “Fábrica Ásia” por companhias especializadas que empregam trabalhadores de baixa remuneração em condições de alojamento coletivo, como Foxconn, Pegatron e Wistron, todas de Taiwan. Como a China aumentou significativamente os salários ao longo dos anos, a Apple e seus fornecedores estão fugindo para países mais pobres o mais rápido possível. Apenas a Apple tem mais de 10 mil fornecedores em dezenas de países pobres — desconhecidos do público e dos consumidores. É assim que jovens mulheres de 18 a 25 anos montam iPhones em Chennai, na Índia: a Foxconn as aloja em dormitórios vigiados, em sua maioria sem contratos de trabalho. Seus salários são de 80 centavos de dólar por hora, dos quais são descontados os custos de alojamento, alimentação barata e transporte diário até a fábrica. A maioria dessas jovens, recrutadas das regiões mais pobres através de agências de emprego, adoece após poucos anos e é substituída por novas “recursos humanos”.⁵

Racismo modernizado
Para os novos trabalhos digitalizados, como moderadores de conteúdo na área de controle de carros autônomos, colheita de frutas e operação de robôs agrícolas, e remoção de conteúdos em redes sociais, as corporações norte-americanas expandem principalmente a “Fábrica África”: aqui, os novos trabalhadores-escravos são explorados por dois dólares ao dia — 150 deles amontoados em salas apertadas e sem janelas — prestando serviços sem contrato para subcontratadas em cadeias de fornecimento difusas.⁶

Esse trabalho escravo contemporâneo está vinculado a uma nova forma de racismo que explora deliberadamente condições neocoloniais tanto nos EUA como em países aliados. Por exemplo, a maior empresa de transporte do mundo, a Uber, recruta motoristas sem contrato especificamente em favelas de imigrantes nas grandes cidades globais: racismo modernizado.⁷

A classe média encolhe e empobrece
Durante muito tempo, a classe média, que somava dezenas de milhões de pessoas, foi considerada o pilar da estabilidade na sociedade de classes norte-americana: filhos de trabalhadores conseguiam acesso ao ensino superior e ascender socialmente, tornando-se professores, cientistas e engenheiros. Alguns deles chegaram ainda mais alto, tornando-se gestores, banqueiros, professores universitários, políticos e jornalistas. Podiam comprar suas próprias casas ou apartamentos, até dois carros, e se proteger contra doenças e a velhice.

Mas desde a desregulamentação e privatização dos anos 1980 — promovidas pelo Partido Republicano (Reagan, Bush) e ainda mais pelo Partido Democrata (Clinton, Obama) — a classe média também vem empobrecendo de várias formas: aumentaram os custos com saúde, cuidados infantis, escolas, universidades e aluguel.

A maioria da classe média já não consegue mais arcar com o símbolo de status de um apartamento ou casa própria. A saúde ficou mais cara e é cada vez menos coberta por seguros. As mensalidades aumentaram, sobretudo em universidades privadas, cruciais para a ascensão social: formados ingressam no mercado de trabalho já altamente endividados e precisam aceitar qualquer emprego disponível. Por volta de 2010, ficou claro: a classe média estava em processo de encolhimento e empobrecimento, em situação até pior que nos países ocidentais menos ricos.⁸

Os principais oligarcas, em primeira classe
Essas práticas levaram a uma explosão de autoenriquecimento entre a classe dominante. Ela se renovou em parte, principalmente com as corporações digitais, automobilísticas e alimentícias e sua onda de globalização, juntamente com seus novos credores e acionistas, os recém-chegados fundos de private equity e hedge funds e, sobretudo, com a liga principal formada por BlackRock, Vanguard, State Street & Co.

Desde a chamada “crise financeira” — e com a ajuda dela — esses grupos se tornaram os principais detentores de propriedade de vários milhares das mais importantes empresas e bancos dos EUA, porque BlackRock & Co. não experimentaram uma crise financeira com seus provedores de capital super-ricos.⁹

O exército privado do capital transatlântico
Esses oligarcas contam com o apoio de um exército de prestadores de serviços especializados e altamente remunerados. Isso inclui escritórios de advocacia empresarial, consultorias de gestão, auditorias, agências de relações públicas, agências de classificação de risco e professores de universidades privadas de elite. Eles também assumem contratos governamentais, ocupam cargos no Estado e depois retornam ao setor privado. Juntos, formam o “exército privado civil do capital transatlântico”.¹⁰

Os oligarcas também controlam a formação de opinião política e a cultura de massas. Eles são proprietários da mídia tradicional voltada para o público acadêmico e empresarial, como New York Times, Washington Post, Wall Street Journal e Foreign Affairs; mas também da mídia voltada para a maioria não acadêmica, como USA Today e as grandes redes de TV, além das novas mídias sociais, que exploram de forma ainda mais direta e incontrolável potenciais antidemocráticos como modelo de negócio.

Ao mesmo tempo, os oligarcas também financiam universidades privadas de elite e administram suas próprias fundações privadas, tanto nacional quanto internacionalmente. Isso também se aplica às milhares de chamadas organizações não governamentais (ONGs), que na realidade são organizações financiadas pelo capital (CFOs).

A desindustrialização também ameaça a segurança nacional
É assim que os oligarcas vêm empobrecendo a economia dos EUA. Faltam milhões de moradias; encanamentos, estações de tratamento de esgoto, prédios escolares e estradas estão em ruínas.

Isso levou a um declínio de longo prazo na expertise industrial e tecnológica. Há escassez de trabalhadores qualificados, engenheiros, artesãos, arquitetos e cadeias de suprimento nacionais. Por exemplo, devido à terceirização quase completa da construção naval, atualmente leva doze anos para construir um submarino de última geração para o Exército dos EUA, enquanto na China leva apenas um ano. Os EUA também estão ficando atrás na inovação energética, como na construção da nova geração de usinas nucleares.¹¹ Segundo a Foreign Affairs, essa desindustrialização lucrativa ameaça não apenas a economia, mas também a “segurança nacional”.¹²

De todo modo, o capitalismo já não funciona de acordo com a doutrina dominante da economia de mercado livre. As principais corporações domésticas e estrangeiras só instalam fábricas nos EUA se o Estado oferecer subsídios historicamente altos.

O crescimento acelerado da dívida pública é ainda mais alimentado pela redução dos impostos sobre as grandes corporações, chegando até mesmo à isenção total com a ajuda profissional de esquemas de evasão fiscal em benefício dos capitalistas super-ricos, que compõem 0,001% da população.¹³

  1. Democracia capitalista — apodrecendo por dentro

Na democracia capitalista ocidental, a democracia é subordinada ao capital de diversas maneiras. Por exemplo, os capitalistas norte-americanos financiam os dois partidos políticos que eles mesmos escolheram. No entanto, como o partido no poder perde apoio após, no máximo, dois mandatos em razão de suas políticas pró-capital, os capitalistas sempre financiam simultaneamente o outro partido (ainda) fora do governo.

Sistema de partido único capitalista: desgaste populista
Essa repetição interminável de demagogia populista e subsequente decepção para a esmagadora maioria da população está fazendo a democracia apodrecer. Foi assim que o Partido Democrata enriqueceu os capitalistas do Vale do Silício e da BlackRock e empobreceu a maioria das pessoas: por isso, com Trump, a demagogia também ganhou espaço entre a classe trabalhadora e a classe média brancas — e por isso as corporações do Vale do Silício e a BlackRock & Co. acabaram por se alinhar a Trump.

Na realidade, ambos os partidos formam um sistema de partido único do capital. Suas duas siglas lutam juntas e destroem qualquer novo partido que demonstre os mínimos sinais de surgimento, não apenas partidos anticapitalistas, mas também sociais-democratas, ambientalistas e de defesa do consumidor.

De todo modo, apenas cerca de metade dos norte-americanos em idade de votar realmente comparece às urnas, e os milhões de trabalhadores ilegais e suas famílias não têm direito ao voto. Em bairros completamente empobrecidos, a participação eleitoral é próxima de zero.

E ambos os partidos do capital sob influência sionista
Ao mesmo tempo, os dois partidos do capital são financiados e dirigidos por duas outras organizações de lobby bilionárias, ambas na mesma direção: o AIPAC sionista financia o Partido Democrata, enquanto a igualmente sionista Republican Jewish Coalition financia o Partido Republicano.

Isso consolida ainda mais o sistema de partido único. Pois ambos concordam com o objetivo da ocupação, expulsão e agora genocídio dos palestinos em violação ao direito internacional, e ainda com a transformação do Oriente Médio, Palestina, Líbano e Síria, incluindo o Irã, sob a liderança do guerreiro por procuração Israel.

Destruição das comunidades humanas
Dessa forma, o sistema de partido único, com seus prestadores de serviço, destrói coletividades democráticas como sindicatos, iniciativas ambientais e de justiça — ou seleciona aquelas que são adequadas, comprando-as, financiando-as, instrumentalizando-as e pervertendo-as: ONGs tornam-se CFOs (organizações financiadas pelo capital). Foi o que aconteceu, por exemplo, com o movimento de mulheres: o que restou foi a promoção do avanço individual de mulheres a posições de liderança em empresas, bancos, meios de comunicação dominantes e política.

Assim, a facção do capital associada ao Partido Democrata desenvolveu “novos valores”: promove-se a autodeterminação egoísta, muitas vezes orientada para a sexualidade. Assim se promove a diversidade e o LGBTQ+, isto é, uma nova minoria restrita, ao mesmo tempo em que o exército global de milhões de pessoas exploradas de forma lucrativa, especialmente mulheres, é humilhado e tornado invisível.

E é precisamente por causa dessa demagogia dos “novos valores” que o republicano Trump, com seus oligarcas de segunda classe, conseguiu alcançar uma parcela dos humilhados nos EUA com seu novo valor de “America First” e sua demagogia, incluindo a classe trabalhadora branca empobrecida — mas isso também não durará muito.

O Estado promove ganhos de capital imerecidos e até criminosos
A maior parte da riqueza que foi ampliada sem desempenho é promovida pelo Estado por meio da não-regulamentação de monopólios antigos e novos e do não cumprimento de leis já favoráveis ao capital, por exemplo nas áreas de tributação, uso de informação privilegiada, corrupção e meio ambiente.

Isso fez dos EUA o número um no World Secrecy Index, ou seja, o líder mundial em sigilo e em não tributar grandes fortunas privadas.¹⁴ O minúsculo estado norte-americano de Delaware tornou-se de longe o maior paraíso financeiro do capitalismo ocidental, com mais empresas de fachada para super-ricos anônimos do que seus quase um milhão de habitantes. “Os EUA são o destino preferido para dinheiro que precisa ser escondido.”¹⁵

As três principais agências de classificação de risco — Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch — contribuíram para a crise financeira de 2008 com avaliações complacentes lucrativas — e não foram punidas, com a aprovação do Congresso dos EUA.¹⁶ O judiciário trata de maneira semelhante as grandes auditorias, como PWC e E&Y. Elas auditam a legalidade das práticas contábeis, conforme exigido por lei. Mas até mesmo elas certificaram como corretos os balanços de bancos fraudulentos e já insolventes antes da crise financeira, com altos lucros para si mesmas — e também permaneceram impunes, e assim tem continuado desde então, de um “escândalo” inconsequente a outro.

A disseminação em massa de ódio, racismo, pornografia e semelhantes, até mesmo para crianças, pelas corporações de mídia social — altamente lucrativa, mas também impune. Criminosos de colarinho branco de alto escalão, até mesmo presidentes dos EUA, ficam impunes, enquanto os EUA também lideram o mundo em perseguição policial e judicial de pequenos criminosos e em proporção de prisioneiros.

Excessos de luxo abertos e secretos dos oligarcas: ambas as facções
Os oligarcas vivem em residências luxuosas isoladas com jatos privados, segurança particular e outros exércitos de empregados, alternando entre residências nos EUA e em ilhas que compraram, quando não residem em seus iates de luxo de vários andares, equipados como centros de comando flutuantes de alta tecnologia e servidos por tripulações uniformizadas, protegidos por diversos navios de escolta especializados e helicópteros.

Embora isso seja puramente externo e, em princípio, de conhecimento público, acompanhado por uma cobertura midiática simpática ou semi-crítica, o comportamento interno raramente vem à tona. Por exemplo, o bilionário Jeffrey Epstein, que fez fortuna como negociante de armas no Oriente Médio, passou a realizar reuniões importantes em sua segunda residência em uma ilha caribenha.

Serviços sexuais faziam parte da oferta, mas ela era muito mais ampla. Como membro da Trilateral Commission e do Council on Foreign Relations, era evidente que não apenas o atual presidente dos EUA frequentava os eventos de Epstein, mas também ex-presidentes norte-americanos, o chefe de governo de Israel, o chefe da Microsoft, membros da realeza da Grã-Bretanha e dos Estados do Golfo, além de representantes de seus respectivos serviços secretos. Os serviços sexuais foram alvo de escândalo, e Epstein foi condenado, mas em 2019 ele foi encontrado morto na prisão.¹⁷

Os oligarcas estão mandando construir bunkers subterrâneos adicionais para suas já luxuosas residências, em vista do perigoso fim de jogo que promovem. Robôs são fornecidos como empregados. Esse lucrativo setor já opera em 50 cidades norte-americanas, mas também em países aliados.¹⁸

IV. Classe trabalhadora dos EUA: mortes por desespero
É por isso que os EUA também lideram o mundo capitalista em pobreza em massa e doenças não tratadas, tráfico de drogas no estilo mafioso, dependência ligada ao consumo de drogas e álcool, obesidade causada por má alimentação, mortalidade infantil precoce, analfabetismo, taxas de encarceramento, falta de moradia, violência policial contra as classes baixas e dívidas privadas impagáveis.

O sistema de saúde dos EUA é o mais caro do mundo, com lucros extremamente altos para as farmacêuticas e clínicas privadas e rendas elevadas para pouquíssimos médicos em relação à população — e com as maiores coparticipações até mesmo para tratamentos normalmente cobertos por seguro, combinadas com um alto número de pessoas que não conseguem pagar as coparticipações ou têm de se endividar, ou não conseguem pagar seguro algum. Como resultado, milhões de pessoas com doenças graves não recebem tratamento. Ao mesmo tempo, analgésicos não testados, como os opioides, são anunciados, mas o uso excessivo causa ainda mais dor, enfraquece o corpo e leva ao desespero.

Epidemia da morte, mortes por desespero
Em parte porque a pobreza em massa se confronta com a riqueza exibida publicamente pelos oligarcas, não são epidemias médicas as mais importantes, mas sim a “epidemia da morte”, isto é, o ato solitário e desesperançado de deixar-se morrer, o desejo de morrer, até chegar à autodestruição ativa. Essa é a conclusão do economista e ganhador do Prêmio Nobel Angus Deaton.¹⁹

Como resultado, a expectativa de vida entre a classe trabalhadora e a classe média vem caindo desde o fim dos anos 1990, enquanto os super-ricos vivem cada vez mais e financiam pesquisas sobre como prolongar suas vidas saudáveis para ao menos 120 anos e abandonar a Terra arruinada em direção a outros planetas.

Uma forma de autodestruição é o suicídio: o número de armas de fogo privadas nos EUA é muito superior ao número de habitantes. A causa de morte mais comum envolvendo armas privadas é o suicídio: a morte dos pobres por desespero, inclusive entre crianças e jovens.

Os EUA lideram em execuções privadas em massa: os massacres
Como as organizações coletivas que lidavam com as questões existenciais da classe trabalhadora e também da classe média foram destruídas, as pessoas ficam sem voz e sozinhas para enfrentar tudo por conta própria. É por isso que a falsa solução acaba explodindo, de repente, aparentemente sem história, sem aviso prévio.

Por isso, o suicídio muitas vezes é precedido pelo assassinato dos mais próximos do autor, sejam cônjuges, filhos, irmãos ou membros de gangues. A forma extrema disso são os recorrentes assassinatos múltiplos nos EUA, em massacres padronizados, nos quais se busca matar o maior número possível de pessoas fora da família.

De 2020 a 2023, em sua maioria jovens nos EUA realizaram mais de 600 tiroteios em massa por ano, ou seja, dois por dia, embora essa definição inclua apenas massacres em que pelo menos quatro pessoas foram mortas, excluindo o atirador. Massacres em escolas, em particular, tornaram-se uma epidemia. A violência armada é atualmente “a principal causa de morte de norte-americanos entre 1 e 17 anos”, e os EUA lideram o mundo nesse aspecto.²⁰

V. América quebrada – União Europeia quebrada
Esse tipo de domínio oligárquico, acompanhado de decadência interna e de uma sociedade “quebrada”, também vem se espalhando há cerca de duas décadas em países sistemicamente vinculados aos EUA, como Israel, Ucrânia, Canadá — e também na União Europeia.

Ampliação a leste da UE sob a liderança da OTAN
Assim, após a Segunda Guerra Mundial, não foi apenas a criação da União Europeia que foi conduzida pelos EUA, tanto econômica quanto militarmente. Isso continuou depois de 1990 com a “ampliação a leste” da UE, novamente dominada pela OTAN.
Mídias, partidos e CFOs (organizações financiadas pelo capital) de direita, anticomunistas e antirrussos foram promovidos, levando ao empobrecimento econômico com baixos salários que violam os direitos humanos, subsídios estatais para empresas fornecedoras e a migração laboral de milhões de pessoas — tudo em benefício da ascensão de clãs oligárquicos nacionais.²¹

Investidores dos EUA compram empresas na UE
Isso também se aplica, em forma distinta, aos ricos Estados fundadores da Europa Ocidental.
Já após a Primeira Guerra Mundial, e ainda mais depois da Segunda, corporações e bancos norte-americanos operavam milhares de filiais na região. Mas, desde a virada do milênio, novos arrivistas do capital dos EUA — como BlackRock, Vanguard, State Street — e investidores de private equity como Blackstone, KKR e Carlyle tornaram-se acionistas majoritários, proprietários e remodeladores do capitalismo na Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Espanha, Itália e Suíça, e há ainda mais tempo no Reino Unido. Eles trouxeram consigo seu “exército privado civil” de consultorias e agências, que assessoram não apenas investidores, mas também governos e a Comissão Europeia.
Como resultado, o sistema de partido único dos EUA também exerce impacto profundo na UE: aqui também o apoio aos partidos que governaram de forma pró-capital está minguando, e seus remanescentes convergem, deslizando ainda mais para a direita e tornando-se ainda mais diretamente pró-capital. Como nos EUA, isso inclui o sionismo.

A violência armada dos EUA penetra na Europa
Assim, os fenômenos de decadência interna se espalham nos Estados aliados aos EUA: avanço político da direita, desespero e queda da expectativa de vida para a maioria. Frequentemente inspirados diretamente pelos amoks norte-americanos que recebem ampla cobertura midiática — mas sobretudo porque as condições sociais e de classe para isso também existem na UE —, amoks estão em ascensão em duas dezenas de Estados alinhados aos EUA, como Noruega, Suécia, França, Áustria e Alemanha. Trata-se de “uma forma particularmente sangrenta de influência internacional dos EUA” — e as elites norte-americanas disso têm plena consciência.²²
Plataformas de mídia social dos EUA contribuem para essa exportação “glorificando a violência, especialmente entre jovens homens desiludidos”. Tentativas de regulação, como a Lei de Serviços Digitais da UE, mostram-se completamente ineficazes.

Violência armada privada — o reverso da violência militar global
A liderança global dos EUA em violência armada doméstica — a qual também se liga a exportações internacionais e ilegais — é o reverso sistêmico da liderança global dos EUA em presença militar, guerras e operações militares, operação de bases e fomento de terroristas por procuração.
Ao contrário do que se propaga, ambas as formas desreguladas de violência não servem à paz e à segurança, mas à morte e a uma insegurança ainda maior — e ao lucro privado excessivo de uma minúscula minoria.

VI. O perigoso desfecho do capitalismo liderado pelos EUA
O “estranho triunfo da América quebrada”, com seu domínio oligárquico e sua podridão interna, deve continuar, segundo a elite do capital dos EUA, ainda que com algumas correções.
A nova hýbris dos EUA começou com o colapso da União Soviética e dos Estados socialistas do Leste Europeu. Por isso, na década de 1990, os EUA travaram uma nova série de guerras, guerras por procuração e preparativos para guerras — Sérvia/Kosovo, Palestina, Sudão, Iraque, Afeganistão, Venezuela, Iêmen, Ucrânia, Líbia. Além disso, durante a presidência Obama intensificou-se o armamento dos membros europeus da OTAN, a expansão da OTAN para leste e para o norte e o estabelecimento de presença militar adicional na África e especialmente na Ásia.²³

Por que os EUA se preparam para uma possível guerra mundial
Há duas razões para os EUA se prepararem para uma possível guerra mundial:

  1. Desindustrialização, empobrecimento e autodestruição de sua própria população, degradação da infraestrutura, perda de capacidade inovadora — inclusive tecnológica —, declínio de partidos, valores e mídias tradicionais e, associado a isso, a perda da disposição da juventude para lutar e, por fim, a perda de estatura internacional — o que, com diferenças, também se aplica aos demais Estados do capitalismo liderado pelos EUA;
  2. Os oligarcas dos EUA e seus vassalos aceitariam isso se não houvesse uma alternativa sistemicamente lógica e eficaz em escala global: a rápida ascensão da República Popular da China a maior nação industrial e comercial em termos de paridade de poder de compra, combinada com cooperações globais bem-sucedidas.
  3.  

Perigoso: ambas as facções do capital agora atrás de Trump
É por isso que a facção mais jovem de multibilionários do capital, ainda pouco presente globalmente em termos de investimento, organizou-se, tendo como encarnação política o atual presidente dos EUA, Trump. Esses clãs oligárquicos de segunda linha são ainda mais agressivos e abertamente de extrema direita. Agora também buscam investimentos e parceiros de cooperação globais — mas, nesse meio-tempo, os oligarcas do Vale do Silício e a BlackRock & Co., que devem seus lucros ao Partido Democrata, migraram para o Partido Republicano de Trump.
Eis as medidas mais importantes:

  • Revogação das já fracas regulamentações dos EUA e fechamento ou enfraquecimento de agências reguladoras (meio ambiente, trabalho, finanças)
  • Intensificação das críticas à ONU
  • Guerras comerciais globais com tarifas elevadas, inclusive contra “aliados”
  • Reindustrialização altamente subsidiada dos EUA como local de negócios
  • Rearmamento acelerado contra o principal inimigo sistêmico, a China
  • Rearmamento acelerado dos membros europeus da OTAN contra a Rússia, agora que a Ucrânia foi sangrada e já não consegue recrutar novos soldados
  • Busca de brechas na atual estrutura da globalização, particularmente para relações com governos abertamente de extrema direita e/ou pequenos e frágeis (Itália, Estados do Golfo, El Salvador, Argentina, Armênia, Azerbaijão)
  • Um rearmamento tecnologicamente e geoestrategicamente realinhado dos EUA, planejado para durar décadas
  • Apoio ampliado a guerreiros por procuração já existentes e novos

No entanto, como essas medidas (1) só podem surtir efeito lentamente e (2) também encontram resistência dentro dos Estados vassalos, cresce, num futuro previsível, o perigo de guerras separadas e de grande escala lideradas pelos EUA.

O sionismo triunfa sobre o cristianismo
Igrejas cristãs, incluindo cristãos evangélicos do fim dos tempos, estão entre os pilares ideológicos do capitalismo dos EUA, em parte por meio de capelães militares pagos pelo Estado. Mais recentemente, somaram-se a elas os “cristãos sionistas”. Mas, com o governo dos EUA sob Trump, o sionismo desponta como a ideologia religiosa dominante da tradicional centralidade em Deus do Estado norte-americano.
A mais rica fundação sionista, a Adelson Foundation, é a maior financiadora tanto do atual presidente dos EUA, Donald Trump, quanto do chefe de governo israelense de longa data, Benjamin Netanyahu.²⁴
Nas democracias capitalistas europeias, a influência tradicional das duas grandes igrejas cristãs declinou maciçamente, e restam pouquíssimos partidos que ainda se autodenominam cristãos — e esses vêm encolhendo há muito tempo, como na Alemanha. Mesmo entre os serviçais dos capitalistas na Europa, o Antigo Testamento sionista agora triunfa, pela primeira vez em público, sobre o Novo Testamento cristão — para a “guerra santa” que já é travada por Israel contra os palestinos e que é preparada a longo prazo contra “a esquerda, o Islã e a China”.²⁵ — do mesmo modo que a política de ocupação israelense, há décadas, tem sido um modelo de negócio altamente lucrativo e continua a sê-lo como genocídio.²⁶
Ao mesmo tempo, esse estreitamento ideológico conduz a um isolamento adicional dos oligarcas dos EUA e de seus vassalos — e a uma maior prontidão para a guerra.

VII. A auto-organização multipolar da humanidade
A auto-organização democrática da humanidade recomeçou. Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU foi o passo essencial nessa direção, com o direito internacional e os direitos humanos, que desde então também passaram a incluir direitos trabalhistas e sociais. Isso foi resultado da vitória sobre o fascismo na Europa, no Japão e na China, combinada com o enorme avanço das lutas e conquistas anticoloniais. Isso também se expressou no movimento do G77.

Tudo isso foi minado sobretudo pelos EUA, com sua pretensão de ser a única potência mundial e com a ajuda de vassalos e guerreiros por procuração — militarmente, economicamente, politicamente, por meio de serviços secretos, ideologicamente e culturalmente. No entanto, o contra-movimento democrático vem ganhando força a partir de múltiplas fontes há duas décadas.

Soberania nacional: República Popular da China
A República Popular da China libertou-se cada vez mais com sucesso da globalização liderada pelos EUA, que viola o direito internacional e os direitos humanos, e conquistou soberania nacional. Ao fazê-lo, a China também demonstrou que práticas capitalistas podem ser reguladas e transformadas em benefício da maioria trabalhadora da população.

Aumentos salariais sustentáveis, expansão de infraestrutura moderna, produção de energia ambientalmente amigável, inovações tecnológicas de ponta, política e ciência independentes do capital — tudo isso se tornou possível. Gestores fraudulentos são punidos, e corporações digitais estrangeiras que praticam espionagem são banidas. Empresas insolventes não são necessariamente socorridas pelo Estado. Empresas estrangeiras também estão sujeitas a regulações que não aceitam nos EUA e na UE, mas que aceitam na China. A nação soberana da China também estabeleceu cadeias de suprimento nacionais — em contraste com o capitalismo neocolonial liderado pelos EUA.

Globalização inclusiva e cooperativa
Esses princípios também se aplicam, de forma lógica, à cooperação internacional da qual a China participa, oferecendo apoio econômico e ajudando a desenvolver o poder econômico e político dos países participantes.

Embora os EUA tenham cofundado a ONU, desde o início passaram a atuar cada vez mais sem a ONU e contra a ONU, tanto econômica quanto militarmente, de acordo com sua fórmula autodefinida de “ordem internacional baseada em regras”. Algumas suborganizações da ONU são boicotadas (direitos humanos), ignoradas (OIT) ou corrompidas (OMS). Por essa razão, os novos formatos internacionais e continentais da ordem mundial multipolar — BRICS, OCS, CELAC, FOCAC, EEF etc. — baseiam-se na Carta da ONU, mas ao mesmo tempo desenvolvem suas próprias novas estruturas de cooperação. É o caso, por exemplo, do Grupo de Haia, que, sob a liderança da Colômbia e da África do Sul, elaborou em Bogotá um plano com 30 Estados para pôr fim ao genocídio de Israel: “A era da impunidade acabou.”²⁷

Além das relações entre Estados, a cooperação multipolar dentro da sociedade civil também deve ser fortalecida, por exemplo, entre empresas, sindicatos, partidos e movimentos anticapitalistas, cooperativas, iniciativas pela paz, por trabalho e aposentadoria com direitos humanos, por habitação, saúde e educação com direitos humanos, por transporte público, por fóruns de mulheres, por agricultura ecológica, por ciências, artes, esportes e mídias independentes do capital, por grupos sociais antigos e novos de todas as idades — e isso também em cooperação internacional fortalecida e renovada, mesmo e especialmente quando os governos ainda não se desvincularam (ou não totalmente) do capitalismo dos EUA!

1 Michael Beckley: The Strange Triumph of a Broken America. Why Power Abroad Comes with Dysfunction at Home, Foreign Affairs January 7, 2025

2 Larry Fink: Uncertainty is everywhere, Handelsblatt 30.4.2025

3 Amy Bingham: Government Job Loss: President Obama’s Catch 22, abcnews.go.com/blogs/politics, June 6, 2012

4 Joel Diringer/Nimrath Sandu: Overview of agricultural workforce in California, clc.ucmerced.edu/sites/g/files/ufvvjh626/f/page/documents/review-of-literature.pdf

5 Werner Rügemer: Apple: Forced Labor in India with Foxconn, The International, January 7, 2023

6 James Muldoon, Mark Graham, Collum Cant: Feeding the Machine. The Hidden Human Labor Powering AI, Edinburgh 2024

7 Sophie Bernard: Uber Usés. Le capitalisme racial de platforme à Paris, Londres et Montreal, Paris 2023

8 The American Middle Class is no longer the World’s Richest, New York Times 23.4.2014

9 Werner Rügemer: Die Kapitalisten des 21. Jahrhunderts (The Capitalists of the 21st Century). A common sense outline on the rise of the new capital players, 4th updated edition, Cologne 2024, p. 24ff.; also available in English, French, Italian, Russian, and Chinese editions.

10 Rügemer: The Capitalists of the 21st Century, page 228ff.

11 Juzel Lloyd: The other Nuclear Race. America is Falling Behind China and Russia on Energy Innovation, Foreign Affairs April 28, 2025

12 Brian Deese: Why America Struggles to Build, Foreign Affairs March 12, 2025

13 Werner Rügemer: BlackRock Germany. Die geheime Weltmacht, ihre Praktiken in Deutschland und Friedrich Merz. (The secret world power, its practices in Germany and Friedrich Merz), 2nd edition, Berlin 2025

14 ssi.taxjustice.no/fsi/2022/USA/index/top

15 Brooke Harrington: Offshore. How asset managers camouflage wealth, Frankfurt/New York 2024, p. 52

16 Werner Rügemer: Die Rating-Agenturen. Einblicke in Kapitalmacht der Gegenwart. (Rating agencies. Insights into the capital power of the present), Bielefeld 2012

17 Wikipedia: Jeffrey Epstein

18 Jim Dobson: Inside the $300 Million Doomsday Bunker, With Opulent Medical Suites and Robotic Staff, Forbes January 27, 2025

19 Anne Case/Angus Deaton: Daeths of Despair and the Future of Capitalism, Princeton University Press 2020

20 Jacob Ware: American Gun Violence Goes Global. How Its Spread Is Disturbing and Diminishing U.S. Soft Power, Foreign Affairs, July 9, 2025

21 Werner Rügemer: Imperium EU: ArbeitsUnrecht, Krise, neue Gegenwehr (The EU Empire: Labor Injustice, Crisis, New Resistances), Cologne, 2020

22 Jacob Ware: American Gun Violence Goes Global, Foreign Affairs, July 9, 2025

23 See the historical account by Jeffrey Sachs: The Geopolitics of Peace, speech in the European Parliament, February 19, 2025, www.jeffsachs.org

24 Casino mogul Sheldon Adelson, key backer of Trump and Netanyahu, The Times of Israel, January 12, 2021; Dalia Hatuqa: Adelson’s ‘extreme positions’ will be long felt, Palestinians say, aljazeera.com, January 12, 2021; Hussein Moghuiyeh: The Adelson Saga: How Pro-Israel Billionaires Are Using Their ‘Trump Card’ to Lead the US into Attacking Iran, english.almanar.com.lb, June 22, 2025

25 Pete Hegseth: American Crusade. Our Fight to Stay Free, New York 2020

26 Francesca Albanese: From Economy of Occupation to Economy of Genocide, www.un.org/A/HRC/59/23, June 16, 2025

27 States announce unprecedented measures to halt the Gaza genocide, www.thehaguegroup.org, July 16, 2025

Werner Rügemer é Membro do Conselho Editorial da World Marxist Review e membro do Conselho da Associação Mundial de Economia Política (World Association for Political Economy — WAPE).

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